O antigo ministro e figura influente do MPLA, Higino Carneiro, reagiu esta terça-feira, 10, nas redes sociais, às declarações de João Lourenço, que o havia apontado como exemplo de um "super-militante, super-general" e “predestinado” à Presidência da República.
Para responder, Carneiro recorreu à Bíblia:
"A fé em Deus faz crer no incrível, ver o invisível e realizar o impossível".
A frase, partilhada em tom reflexivo, foi interpretada como uma resposta direta às declarações do Presidente da República, que no fim de semana passado afirmou: "É óbvio que não há [predestinado]. É todo aquele que tentar passar a ideia de que tem a minha bênção para poder começar a corrida agora, ou mais tarde, eu vou desmenti-lo – publicamente, como estou a fazer agora".
As declarações de João Lourenço não passaram despercebidas e desencadearam um vendaval de comentários dentro e fora do partido. O deputado Justino Pinto de Andrade foi um dos que se manifestou em defesa de Higino Carneiro, afirmando: “Não se trata assim um companheiro”.
Este novo episódio ilustra o clima de tensão que se vive nas estruturas internas do MPLA, a pouco mais de um ano do próximo congresso partidário, e num momento em que se começam a desenhar possíveis sucessões na liderança.
A troca de farpas, embora envolta em discursos formais e religiosos, revela uma disputa pelo futuro do partido, num contexto cada vez mais marcado pela pressão social e política. A fé pode até mover montanhas, mas dentro do MPLA, ela parece estar a mover cadeiras.