A madrugada de terça-feira, no bairro das Laranjeiras em Lisboa, acordou tarde para uma verdade escondida. Dois irmãos, de 21 e 24 anos, estudantes universitários, entregaram-se à Polícia Judiciária por suspeita de matar o pai, de 58 anos, num ato que pode ter sido motivado por um cenário prolongado de violência doméstica.
Segundo informações da PJ, os jovens terão usado um martelo e uma faca para atacar o pai, reagindo alegadamente a mais um episódio de agressão contra a mãe. O corpo foi escondido dentro de um guarda-roupa e só no dia seguinte os filhos se apresentaram às autoridades. A mãe, que já havia feito queixa na PSP contra o marido, foi constituída arguida por não ter comunicado o crime e por ter ocultado o cadáver. Está agora na casa de familiares, sob investigação.
A porteira do prédio revelou que os gritos e discussões eram frequentes no apartamento do nono andar. Vizinhos descrevem uma família reservada, mas sabiam que algo se passava. Jovens do mesmo prédio disseram à SIC que os irmãos eram pacatos e respeitadores, e que a tragédia parece ser o desfecho de uma tensão que se vinha acumulando.
O caso levanta questões delicadas sobre os limites da resistência num lar violento. Até onde alguém pode aguentar o medo e o silêncio?
