A direcção da UNITA reagiu com veemência às recentes declarações do Presidente João Lourenço, que, em entrevista à Televisão Pública de Angola (TPA), responsabilizou o principal partido da oposição pela tensão política no país. Em resposta, o secretário nacional da comunicação e marketing do partido, Evaldo Evangelista, desafiou a mesma TPA a convidar o presidente da UNITA, Adalberto Costa Júnior, para uma entrevista onde possa apresentar a sua versão dos factos.
Evangelista classificou as declarações do Chefe de Estado como “tristes” e contrárias ao espírito de reconciliação nacional, considerando que a entrevista presidencial não trouxe um discurso agregador. Segundo o dirigente da UNITA, “com esta declaração, o Presidente está a dizer que não quer oposição no país”.
A UNITA, prosseguiu Evangelista, não tem contribuído para qualquer tensão, mas sim alertado o Executivo para a gravidade da crise social, onde “milhares de angolanos são obrigados a comer dos contentores de lixo”. Para o partido, isso não é instigar instabilidade, mas sim cumprir o dever político de fiscalizar e propor alternativas.
“O combate à fome e à pobreza, o acesso à saúde e à educação e a criação de emprego para a juventude são prioridades nacionais que não podem ser ignoradas”, sublinhou o dirigente. A UNITA entende que a reconciliação nacional passa, também, pelo respeito ao contraditório e pela abertura de espaço nos órgãos públicos de comunicação para todas as forças políticas.
A polémica começou após João Lourenço afirmar, em cadeia nacional, que a UNITA “provoca tensão e depois vai ao Palácio como se tudo estivesse resolvido”. A frase, vista como desvalorização do papel do líder da oposição, Adalberto Costa Júnior, motivou esta reacção dura do partido.
O desafio está lançado. Resta saber se a TPA, enquanto órgão público, aceitará o convite à pluralidade, ou continuará a ser palco de monólogos.
