A justificação de Paul Kagame, líder ruandês, para este envolvimento remete ao genocídio de 1994, alegando proteger a minoria tutsi da perseguição. No entanto, investigações da ONU indicam que o Ruanda não apenas treina e financia o M23, mas também se beneficia da exploração de recursos minerais do leste congolês, como ouro e coltan. Dados apontam que a exportação de minerais preciosos do Ruanda duplicou nos últimos anos, levantando suspeitas de pilhagem em território vizinho.
A estratégia ruandesa tem sido comparada à tática de Vladimir Putin no leste da Ucrânia em 2014, quando grupos separatistas foram armados e dirigidos para enfraquecer o governo ucraniano e consolidar a influência russa na região. Da mesma forma, Kigali nega qualquer envolvimento direto, apesar das evidências de tropas ruandesas atravessando a fronteira. Enquanto isso, o Congo vê suas forças militares sucumbirem à superioridade bélica dos rebeldes.
Com uma comunidade internacional distraída por conflitos na Europa e no Médio Oriente, a expansão do M23 pode continuar sem grande resistência externa. O silêncio das potências globais sobre a crise no Congo reforça a percepção de que a ocupação de territórios por grupos apoiados por regimes autoritários pode tornar-se uma norma no cenário geopolítico moderno.