O mais recente relatório do Índice de Preços Grossistas (IPG) aponta para uma inflação homóloga de 23,65% em Abril, com destaque para o aumento vertiginoso dos preços dos produtos de origem nacional. Em apenas um ano, os bens nacionais encareceram 35,71%, enquanto os produtos importados subiram 19,31%.
Além disso, a informalidade marca forte presença na realidade comercial angolana. O conceito clássico de grossista que abastece retalhistas, e estes por sua vez os consumidores, não se aplica. Em Angola, os chamados “grossistas” vendem directamente ao consumidor final. A diferença está apenas na forma de comercialização, formal ou informal.
De facto, são os mesmos grupos económicos que dominam tanto a cadeia formal de distribuição alimentar como o abastecimento dito “grossista”. No caso dos produtos nacionais, há ainda canais directos entre produtores e comerciantes, o que interfere nos preços de forma decisiva.
Este IPG, que separa o comportamento dos preços entre bens nacionais e importados, revela uma tendência preocupante: o crescimento acelerado dos preços nacionais. Isso deve-se, em parte, à limitação das importações de alguns produtos de base, como o milho. Em Abril, o preço do milho nacional aumentou 4,09%, enquanto o importado subiu apenas 1,32%.
A escassez provocada por restrições às importações obriga o consumidor a virar-se para a produção nacional. que, por ironia, tem vindo a ser mais cara. A lógica da autossuficiência está, neste momento, a ter custos muito elevados para as famílias.