Mais de 71% da população angolana viveu sem acesso a uma dieta saudável em 2024. O dado é do relatório global “O Estado da Segurança Alimentar e Nutrição no Mundo 2025” (SOFI), divulgado pelas Nações Unidas, que evidencia o agravamento da crise alimentar em Angola.
O estudo estima que 27 milhões de pessoas no país enfrentaram dificuldades severas para consumir alimentos nutritivos. Desde 2017, o quadro tem piorado, com o número de angolanos em insegurança alimentar a subir de 60,7% para 71,4% em apenas oito anos.
A subnutrição também registou um crescimento preocupante. De acordo com o Novo Jornal, que cita dados do Governo, cerca de 8,3 milhões de angolanos sofrem de subnutrição. A limitação de acesso a alimentos saudáveis, por motivos económicos ou logísticos, passou a atingir 40% da população, uma subida significativa face aos 38% verificados entre 2015 e 2016.
A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) alerta que, embora a fome tenha diminuído globalmente, África e o Médio Oriente continuam a registar aumentos. Angola aparece entre os países com os piores indicadores, ultrapassando inclusive regiões em conflito.
“Estes números revelam uma tendência grave que exige respostas estruturais urgentes”, afirma o relatório. Para os especialistas, o problema não está apenas na escassez de comida, mas também na desigualdade no acesso e na ausência de políticas eficazes de redistribuição alimentar.