No rescaldo do polémico episódio ocorrido no sábado, 2 de Agosto, no programa da MFM, o jornalista Carlos Alberto reagiu com dureza à forma como Carlos Rosado de Carvalho foi interrompido e ameaçado de expulsão em directo pelo moderador José Neto Alves Fernandes.
Para Carlos Alberto, o episódio ultrapassou os limites da mera discórdia profissional, para ele, foi uma tentativa de “domesticar o pensamento crítico”.
Carlos Alberto, que já foi conselheiro da Entidade Reguladora da Comunicação Social Angolana (ERCA), desmontou a ideia de que programas de autor ou espaços privados de comunicação estejam acima da lei. Reforçou que a legislação angolana, incluindo a Lei de Imprensa, o Estatuto do Jornalista e os regulamentos sobre rádio e televisão, exige rigor, isenção e objectividade de todos os profissionais, independentemente da natureza do órgão. “O argumento de que só a TPA deve ser imparcial é falso e perigoso”, escreveu.
O jornalista recordou ainda o papel do moderador, sustentado por referências internacionais, como um facilitador do debate e não um protagonista com poder absoluto sobre os microfones. Apontou o comportamento de Alves Fernandes como reincidente e alertou que o episódio não deve ser lido como um erro isolado, mas como um sinal de degradação do espaço público de discussão.
A crítica mais contundente foi dirigida à ERCA e à Comissão da Carteira e Ética (CCE), entidades que, segundo Carlos Alberto, mantêm um “silêncio cúmplice” diante de violações graves à ética jornalística. “Quando a liberdade de expressão está a ser esmagada dentro dos próprios meios de comunicação, as entidades reguladoras não podem ficar caladas. O silêncio delas é também um acto de censura e de cumplicidade”, defende.
O episódio da MFM, visto por muitos como mais um sintoma de intolerância à divergência, reacende o debate sobre os limites entre opinião, poder mediático e responsabilidade institucional.
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