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Divórcio litigioso pode custar até 3 milhões Kz em Angola: "se houver disputa de património os valores disparam"

Em Angola, optar por um divórcio que acontece quando apenas um dos cônjuges deseja romper o vínculo conjugal, pode custar mais de 3 milhões de kwanzas. Segundo o sociólogo Canga Gomes, estes custos elevados funcionam como uma verdadeira “punição” estatal, já que o país adopta uma postura protectora da instituição familiar.


O divórcio litigioso, previsto no artigo 97.º do Código da Família (Lei n.º 1/88), exige a intervenção dos tribunais, por haver conflito entre as partes. Essa intervenção acarreta despesas significativas. Para um caso tratado num tribunal de comarca, o valor médio é de 3.080.000 Kz. Se o caso for julgado no tribunal da relação, a fatura sobe para 6.160.000 Kz. Estes valores foram definidos pela Lei n.º 5-A/21, que actualiza as custas judiciais em Angola.

Por contraste, o divórcio por mútuo acordo custa apenas 40.428 Kz, e pode ser resolvido numa conservatória, sem grandes formalidades. Na prática, o valor do divórcio litigioso acaba por ser uma barreira financeira para quem quer pôr fim a um casamento disfuncional.

“O nosso Estado é apologista da defesa e permanência da família. Essa questão dos honorários serem elevados é propositada”, afirma Canga Gomes, destacando que a intenção do legislador é clara: dissuadir rupturas matrimoniais.

Os custos não param por aí. Uma vez aceite o caso, o casal ainda enfrenta as chamadas “guias de preparação”, que totalizam 214.500 Kz. E se houver património em disputa como casas, carros e contas bancárias, os valores disparam. Em casos com bens avaliados em 100 milhões Kz, os encargos com advogados e tribunal são proporcionais ao montante em causa.

Este cenário remete para realidades como a do bilionário Elon Musk, que em 2008 teve de pagar à ex-mulher Justine 2 milhões USD, além de uma pensão mensal e bens diversos. Em Angola, embora a escala seja distinta, o princípio é semelhante: quanto maior o património, maior o custo do adeus.

Apesar de reconhecer que o sistema encarece o divórcio, Canga Gomes observa que há casos em que os tribunais ainda tentam a reconciliação, quando o conflito é considerado “leve”.

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