No quadro das comemorações dos 50 anos da Independência Nacional, o presidente da UNITA, Adalberto Costa Júnior, tornou pública a sua recusa em aceitar qualquer condecoração atribuída pelo Estado angolano.
A decisão, segundo afirmou, baseia-se numa questão de coerência histórica e justiça à memória de figuras fundadoras como Jonas Savimbi e Holden Roberto, deliberadamente afastadas do reconhecimento oficial.
O anúncio foi feito após um debate parlamentar onde, de forma explícita, foi recusada a proposta de condecorações póstumas a Jonas Savimbi. “A UNITA participou num debate na Assembleia Nacional onde tomou contacto com a recusa [de condecorar] Jonas Savimbi, um dos partícipes reconhecidos pela luta pela independência”, declarou o líder do maior partido da oposição.
A decisão foi validada pelo Comité Permanente da UNITA, que reforçou a posição institucional de não aceitar condecorações enquanto persistirem critérios que excluem nomes incontornáveis da luta anticolonial. “Não é aceitável esta condição de dizer que um foi presidente e, por isso, tem reconhecimento, e o outro não foi presidente e não tem o mesmo reconhecimento. Isto é inaceitável”, sublinhou Adalberto Costa Júnior.
A exclusão de Holden Roberto, fundador da FNLA, também foi criticada como sintoma de uma narrativa histórica parcial, que privilegia apenas determinadas figuras, em detrimento de uma visão mais ampla e inclusiva da luta pela independência.
A recusa da UNITA em aceitar distinções nessas condições é interpretada como uma exigência de justiça histórica e uma chamada de atenção para a necessidade de um discurso oficial mais honesto e plural sobre o percurso do país. À medida que Angola se prepara para comemorar meio século de liberdade, o apelo é claro: ou se honra a história toda, ou ela continuará a ser uma sombra mal contada.