O clima dentro da Frente Patriótica Unida (FPU) azedou depois da saída “unilateral” do PRA-JA Servir Angola. O gesto, interpretado como uma cisão estratégica, levanta dúvidas sobre a continuidade da Frente enquanto alternativa real ao poder. Isaías Samakuva, ex-presidente da UNITA, reagiu afirmando que “Abel Chivukuvuku nunca escondeu o que queria”, sugerindo que a decisão já estava a fermentar há muito.
A UNITA, por sua vez, tenta manter a serenidade institucional. Embora evite ataques abertos, fontes internas admitem incertezas quanto ao rumo da FPU e ao real comprometimento dos parceiros.
Samakuva foi categórico: “Tanto as declarações públicas como os rumores de bastidores indicavam essa possibilidade há muito. Agora, é visível que há quem prefira seguir outro caminho, talvez já com um novo partido preparado, como se fala por aí.”
A crise na FPU não se limita a divergências ideológicas. Está em jogo o futuro da oposição unida e a sua capacidade de criar um verdadeiro contraponto ao actual Governo. O receio de uma fragmentação interna volta ao centro do debate político.
Com a UNITA a tentar manter-se como força agregadora, e o BD a repensar estratégias, o xadrez político da oposição angolana ganha contornos mais imprevisíveis.