O ator e humorista angolano Gilmário Vemba, juntamente com os humoristas Hugo Sousa (Portugal) e Murilo Couto (Brasil), foi impedido de entrar em Moçambique no último domingo, 20 de Julho, para realizar o espetáculo Tons de Comédia, previsto para ocorrer às 17h00 em Maputo.
A situação ganhou contornos políticos quando o ex-candidato presidencial moçambicano Venâncio Mondlane declarou que a recusa de entrada teve motivações políticas.
“O Gilmário foi dos primeiros angolanos a posicionar-se sobre a verdade eleitoral de Moçambique. Ele é meu apoiante e embaixador da minha marca pessoal lançada em Portugal”, afirmou Mondlane, à chegada ao aeroporto de Maputo.
O político, que não reconhece os resultados das eleições de 09 de Outubro de 2024, recordou ainda que partilhou publicamente um encontro com Gilmário, em Lisboa, no qual exaltaram o termo “Anamalala”, que significa “acabou” em macua, usado como símbolo da oposição e também nome do partido que Mondlane pretende legalizar: Aliança Nacional para um Moçambique Livre e Autónomo (Anamalala).
Em resposta às acusações, o diretor-geral do Serviço Nacional de Migração (Senami), Zainedine Danane, reafirmou que os artistas tentaram entrar com visto de turista quando vinham para uma actividade cultural. Acrescentou ainda que a produtora não submeteu o pedido formal para a realização do espetáculo ao Ministério da Cultura moçambicano, como é exigido.
O episódio levanta questões delicadas sobre a separação entre arte e política em Moçambique, bem como sobre a utilização de mecanismos institucionais para possíveis retaliações.