No futebol, como na vida, há dribles que encantam e outros que nos fazem escorregar. Gilberto, ou “Gibelê” para os íntimos do desporto-rei angolano, sempre foi sinónimo de habilidade e ousadia com a bola nos pés. Mas os últimos capítulos da sua trajetória têm sido escritos fora dos relvados, e com uma caligrafia preocupante.
Imagens recentes, amplamente partilhadas nas redes sociais, mostram o jogador com uma garrafa de bebida alcoólica num ambiente informal, quase desleixado. Não se trata de uma ilegalidade, mas o gesto reacende o debate sobre o papel público dos atletas enquanto figuras de referência para a juventude.
Em 2024, Gibelê já havia sido afastado da selecção nacional por ausência injustificada aos treinos, situação que comprometeu o seu lugar nos Palancas Negras e levantou questões sobre a sua conduta fora de campo. Agora, este novo episódio adiciona mais lenha à fogueira, reforçando a ideia de um jogador que se perde nos bastidores da fama.
Os reflexos desses comportamentos vêem-se no relvado: a inconsistência nas exibições pode muito bem-estar atrelada à falta de disciplina longe dos treinos. Ser desportista de elite exige mais do que talento, exige postura, responsabilidade e maturidade.
Gilberto ainda tem tempo para reconquistar o respeito perdido. O jogo não acabou, mas está em tempo de compensação. Cabe-lhe agora decidir se continuará a ser lembrado como um talento desperdiçado ou como alguém que soube dar a volta por cima.