Oku Saka

Governo angolano exclui RTP da cobertura presidencial e reacende debate sobre liberdade de imprensa

A exclusão da emissora pública portuguesa RTP da cobertura das atividades da Presidência da República gerou forte indignação entre profissionais da comunicação, juristas e organizações da sociedade civil, que consideram a medida um atentado à liberdade de imprensa em Angola.

A decisão, segundo fontes próximas ao processo, terá sido motivada por uma reportagem sobre a situação de instabilidade em Cabinda, vista como "tendenciosa" pelas autoridades. Este episódio junta-se a um histórico de conflitos entre o governo angolano e órgãos de comunicação portugueses, como a suspensão da SIC em 2017 por reportagens críticas ao regime.

Coque Mukuta, jornalista da Voz da América, acredita que só os meios alinhados com o Executivo mantêm acesso ao Palácio. “A RTP contou realidades desconfortáveis para o poder. Quem não canta no tom do Governo perde privilégios”, apontou.

Ilídio Manuel, jornalista e analista político, considerou o afastamento da RTP como “um sinal claro de intolerância e tentativa de domesticação da imprensa”, alertando para uma crescente limitação à produção de conteúdos críticos e independentes.

A organização Pro Bono Angola classificou a exclusão como “alarmante”, lembrando que as ações do Presidente são de interesse público e não devem ser submetidas a filtros de simpatia política.

“O que se vê é que apenas têm acesso os que realçam as ações do Executivo. Os outros são censurados”, afirmou Bartolomeu Milton, presidente da organização. Para ele, tal prática configura um cerceamento ao jornalismo livre e independente.

A RTP era um dos poucos meios internacionais com acesso frequente à Presidência. Agora, junta-se a nomes como RFI, Voz da América e DW, que não têm credenciamento para cobrir atividades no Palácio Presidencial.

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