A Frente Patriótica Unida (FPU), aliança anunciada com entusiasmo em 2021 como o embrião de uma alternativa séria ao poder instalado, colapsou sem ter atingido maturidade. A fragmentação confirma o diagnóstico que muitos recusavam admitir: a oposição angolana continua refém dos seus próprios impasses internos.
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Líderes da FPU |
O episódio expõe uma oposição ainda incapaz de alinhar estratégias, vontades e discursos. Para o analista Celestino Lumbungululu, o problema é estrutural.
“Não há um foco comum. Uns querem cadeiras, outros querem notoriedade. Poucos querem verdadeiramente resolver os problemas do país”, afirma.
Feliciano Lourenço vai mais longe: “A FPU falhou porque nunca foi um projeto de Estado, foi um arranjo partidário. E os líderes não estiveram à altura da missão histórica que lhes foi confiada.”
O analista também responsabiliza Adalberto Costa Júnior por recuos estratégicos e falta de firmeza pós-eleitoral.
A dissolução da FPU, a dois anos das eleições gerais, enfraquece o campo da oposição e abre espaço para que o MPLA mantenha o poder com relativa facilidade. A ausência de uma frente coesa retira força ao discurso de alternância e desmobiliza parte significativa do eleitorado que ansiava por mudança real.
Isaías Samakuva, antigo líder da UNITA, já havia alertado para os riscos de uma coligação frágil. Agora, volta à carga com um diagnóstico seco:
“A oposição só se unirá se tiver objectivos comuns. Caso contrário, está condenada à irrelevância.”
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