Em entrevista ao programa radiofónico Última Palavra, o activista e artista Luaty Beirão voltou a fazer declarações contundentes sobre a situação política angolana.
Questionado sobre a proliferação de novos partidos políticos no país, foi directo: “Eu, para mim, partidos que são autorizados neste ambiente político não me inspiram confiança”.
Luaty alega que apenas são aprovados partidos considerados “úteis” ao sistema, e vê neles uma tentativa de preencher o boletim eleitoral com alternativas inofensivas. “Não vejo que tragam algum valor acrescentado”, afirmou.
Indagado sobre qual seria então a solução, respondeu com uma frase que fez eco: “Partir cabeças”. Mas, longe de incitar à violência gratuita, Luaty acusou o Estado de ser o verdadeiro promotor da agressão. “As pessoas vêm com a sua voz, eles vêm com canhões”, denunciou, ao relembrar que em épocas eleitorais o país se militariza com panfletos de guerra e tropas nas ruas.
Para ele, os episódios de intimidação e repressão não são coisa do passado. “Estamos a falar de 2022, e em 2017 aconteceu igual. Não há razão para em 2027 não voltar a acontecer”, alertou.
Luaty vê o papel da sociedade civil como o de um farol que lança alertas antes da tempestade. “As pessoas estão saturadas e podem reagir de forma imprevisível. Alguém quer a imprevisibilidade das massas?”, questionou, deixando no ar um aviso sobre o perigo da violência cega.
Ao encerrar, dirigiu-se directamente ao Presidente da República, apelando para que escute o povo real e não apenas a elite à sua volta.