O Presidente da República de Angola, João Lourenço, manifestou-se publicamente sobre as recentes manifestações no país, sugerindo que muitas dessas acções de protesto estão a ser motivadas por interesses políticos e não por legítimas preocupações sociais.
A posição foi expressa numa entrevista exclusiva à CNN Portugal, conduzida pelo jornalista João Fernando Ramos.
Segundo o Chefe de Estado, os argumentos apresentados por manifestantes são, por vezes, apenas pretextos usados por actores que visam desestabilizar o poder instituído. “Às vezes as pessoas manifestam-se sem nenhuma razão aparente. Neste momento, o argumento apresentado é o aumento do preço dos combustíveis. Este é o motivo que, muitas vezes, é usado por quem pretende criar dificuldades ao poder instituído”, declarou.
Questionado sobre os efeitos do recente aumento no preço do gasóleo, João Lourenço garantiu que Angola continua a praticar valores significativamente baixos em comparação com a maioria dos países do mundo. “É preciso dizer que, mesmo depois do aumento, o litro do gasóleo custa, neste momento, cerca de 40 cêntimos de dólar. Há muitos países no mundo onde o combustível é mais caro, abaixo de 50 cêntimos, são poucos”, referiu.
O Presidente defendeu ainda que os preços dos produtos comercializáveis não obedecem a regras simples e estão sujeitos a múltiplas influências. “Os preços, em princípio, são livres. Não obedecem apenas à lei da oferta e da procura, há um conjunto de factores que influenciam a definição dos preços. Este é, pois, o argumento que está a ser usado neste momento, dentro deste contexto.”
Esta entrevista surge num momento marcante para a política angolana, numa fase em que João Lourenço se aproxima do final do seu segundo e último mandato presidencial.