Num raro coro de vozes uníssonas, bispos católicos, pastores evangélicos e líderes muçulmanos apelaram esta terça-feira, 29, à calma e à responsabilidade diante da tensão que tomou conta de Luanda.
A CEAST foi clara: “No uso das redes sociais evitem-se mensagens insidiosas que inflamem ânimos. Disseminemos tolerância e não violência.” A nota dos bispos católicos condena os atos “abomináveis aos olhos de Deus e dos homens” e lembra que o direito à manifestação deve ser pacífico.
O Conselho de Igrejas Cristãs em Angola (CICA), a Aliança Evangélica de Angola (AEA) e o Fórum Cristão Angolano (FCA) divulgaram uma carta inter-eclesial onde alertam para o agravamento das condições de vida das famílias. “O aumento do preço dos combustíveis ameaça o acesso à educação e compromete o desenvolvimento do país.”
Os líderes evangélicos encorajaram o Governo a “engajar-se num diálogo útil com todas as vozes influentes da sociedade” e deixaram uma reflexão: “Angola só será digna de nós se nós, angolanos, formos dignos de Angola.”
O Gabinete do Amir/Presidente do Conselho Islâmico de Angola (CONSIA) pediu aos fiéis vigilância, cautela nos deslocamentos e confiança na paz. Ao mesmo tempo, apelou ao Governo para que “priorize o diálogo” e não ignore o desgaste social que vem crescendo.
A Polícia Nacional anunciou hoje a detenção de mais de 500 pessoas em Luanda, desde que a crise eclodiu na segunda-feira. Em bairros como Cazenga, Viana, Dangereux e Cacuaco, os relatos continuam: barricadas, saques e confrontos.
A palavra de ordem das igrejas é clara: protesto sim, destruição não. E talvez, no meio do tumulto, a fé seja o último bastião de lucidez.
