O economista e jornalista Carlos Rosado de Carvalho defendeu, nesta segunda-feira, 4 de Agosto, que o apoio anunciado pelo Executivo às empresas vandalizadas durante os tumultos recentes deve ser acompanhado por uma resposta solidária do Estado às famílias das vítimas mortais.
A posição foi tornada pública no contexto do debate sobre a resposta institucional aos acontecimentos que deixaram um rasto de destruição e luto no país.
Para Rosado, não há dúvidas quanto à urgência de socorrer os empresários afetados. No entanto, essa necessidade não deve invisibilizar outras dores que emergiram da mesma crise. "As famílias não têm dinheiro para proporcionar funerais dignos aos seus. Portanto, seria bom que o governo atendesse a isso. Não adotasse aqui uma atitude economicista", afirmou, deixando claro que a lógica dos números, por si só, não deve pautar todas as decisões de Estado.
A estimativa de mortos permanece incerta. Fala-se em 33, mas há quem aponte para um número mais elevado, ainda por apurar. Carlos Rosado sublinhou que nem todos os envolvidos nos protestos estavam a cometer atos de vandalismo. "Há pessoas que estavam no local errado, à hora errada, e apanharam por tabela pelas balas da polícia", denunciou.
O economista também criticou fortemente a atuação dos meios de comunicação públicos, a quem acusou de parcialidade e de desrespeito pelos princípios constitucionais que regem o serviço público de comunicação. "Um editorial é algo que deve ser feito com algum tento, com alguma independência. A mídia pública não é do governo. É do Estado e tem a obrigação constitucional e legal de ter uma posição objetiva e dar os diferentes pontos de vista da sociedade", declarou.
Falando também na qualidade de jornalista com carteira profissional, Rosado não escondeu o seu desconforto com a forma como os acontecimentos foram noticiados. "Sinto-me envergonhado com a cobertura que os órgãos públicos fizeram, dando apenas uma versão dos factos", lamentou.
