Os preços de alguns dos produtos alimentares mais consumidos pelas famílias angolanas subiram 2% em Julho, face a Junho, segundo levantamento do Expansão em 18 produtos vendidos nos mercados informais Catinton e Asa Branca. A recolha foi feita antes dos recentes episódios de saques em estabelecimentos comerciais de Luanda.~
Produtos como arroz e massa tiveram as maiores variações. O saco de arroz subiu 7%, passando de 18.600 Kz para 19.900 Kz, e a caixa de massa aumentou 6%, de 6.150 Kz para 6.500 Kz. Famílias como a de Fátima Buco, compradora no Asa Branca, dizem já não conseguir manter o orçamento sem cortes: “Vim com um orçamento calculado para o mês, mas os preços estão mais altos. Não sei mais onde cortar para garantir a alimentação do mês”.
No Catinton, Carolina Albano preparava compras para levar ao Cuanza Norte, onde vivem os pais, e também sentiu o impacto: “O arroz e o óleo estão mais caros. Vou ter de optar por produtos mais baratos, mas a qualidade é má. Só resta economizar para não passar fome”.
De acordo com estudo do Instituto Superior Politécnico de Tecnologias e Ciências, Luanda tem mais de 120 mercados informais de alimentos, sendo Catinton e Asa Branca dois dos maiores, abastecendo também outros estabelecimentos comerciais. Só o Catinton reúne cerca de 2.800 vendedores fixos e ambulantes, com produtos de várias províncias.
Nos mercados formais, como Kero, Candando e Maxi, os preços caíram 1% em Julho face a Junho, sem reflexos imediatos do aumento dos combustíveis. Em comparação anual, os preços no mercado informal caíram 4%, enquanto no formal subiram 7%. O cabaz do Expansão no informal ficou 5.200 Kz mais barato (127.175 Kz), já no formal subiu 2.853 Kz, chegando a 42.753 Kz.
A diferença entre os dois canais continua a ser determinante para famílias de baixa renda, que encontram no mercado informal preços mais acessíveis, ainda que com menor qualidade e maior vulnerabilidade a flutuações rápidas.
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