Oku Saka

Não inspira apenas com textos, mas sim com resultados sólidos

Num mercado cada vez mais inundado por discursos motivacionais, frases feitas e narrativas cuidadosamente construídas para gerar engajamento, é preciso reforçar uma verdade simples: o que fortalece um sector não são palavras bonitas, mas resultados sólidos. Não é o “mindset de sucesso” ou a “energia positiva” que sustentam uma organização no longo prazo. É a competência técnica, a capacidade de enfrentar problemas complexos e a união de esforços para resolvê-los de forma prática e mensurável.

O nosso mercado ainda carece de um ambiente genuíno de debate técnico e de partilha de conhecimento. Um espaço onde os profissionais discutam estratégias, processos e soluções com profundidade, e não apenas reproduzam slogans ou conceitos genéricos. A ausência desse espaço cria um tecido empresarial frágil, onde decisões são tomadas mais pelo impulso do momento do que por análise criteriosa ou evidências concretas.

O cenário actual favorece a ascensão de uma “indústria da inspiração rasa”, formada por indivíduos que se posicionam como especialistas, consultores e líderes de opinião sem, contudo, apresentarem experiência real ou conquistas que sustentem esse título. Esses perfis prosperam porque o mercado, muitas vezes, valoriza mais a imagem do que a substância. A capacidade de elaborar textos com linguagem sedutora e de criar narrativas motivacionais
substitui, aos olhos de muitos, a prova de competência.

Outro ponto crítico é a facilidade com que o conteúdo superficial se propaga. As redes sociais recompensam quem é constante em aparecer, mesmo que o que entrega seja raso. E isso cria uma ilusão perigosa: a de que visibilidade é sinónimo de credibilidade. Com isso, muitos verdadeiros especialistas são ignorados, enquanto personagens carismáticos, mas tecnicamente vazios, aparecem em workshops, fóruns e conquistam influência.

Essa distorção não prejudica apenas a percepção pública sobre o que é competência, mas também afecta a formação de novos profissionais. Jovens em início de carreira passam a acreditar que o caminho para o sucesso é mais sobre autopromoção do que sobre aprender, executar e evoluir. O resultado é uma geração que fala bem, mas não entrega; que vende bem, mas não sustenta; que inspira no discurso, mas falha na prática.

No entanto, liderança não se mede por presença digital, e sim pela habilidade de guiar uma equipe em situações adversas, de entregar resultados consistentes e de criar soluções para problemas reais. Resiliência não se comprova em um post com muitas reações, mas no dia em que a pressão é insustentável e, mesmo assim, a meta é alcançada.

Inspirar vai muito além de contar histórias. Inspira quem executa, entrega e transforma. Palavras podem emocionar por um instante, mas são os resultados que constroem reputação e credibilidade a longo prazo. O resto, por mais bonito que soe, não passa de ruído.

Ezequiel Paulo é empreendedor e Profissional de Marketing e Comunicação com 5 anos de experiência, especializado em Gestão de Conteúdos, Growth Marketing e Estratégias de Marketing DigitalFundador da Gennesys Digital e da Stratos Management & Consulting, onde actua como CMO.

É também responsável pela produção de artigos na Wikipédia sobre marcas e figuras angolanas, contribuindo para a difusão de informação fidedigna e valorização da cultura nacional.

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