Oku Saka

Hospitais sem medicamentos em Luanda, famílias compram até fios de sutura

A crise nos hospitais públicos de Luanda expõe uma realidade alarmante. A falta de medicamentos, reagentes e materiais essenciais obriga pacientes e famílias a custear, do próprio bolso, aquilo que o Sistema Nacional de Saúde devia assegurar.


Nos hospitais Josina Machel “Maria Pia”, Cajueiros, Hospital do Kapalanga, Hospital do Prenda e Hospital Geral de Luanda, o cenário é de prateleiras vazias e filas intermináveis. Em algumas unidades, não há luvas, fios de sutura nem anestésicos.

Uma mãe que acompanha o filho internado há quase um mês no Hospital Geral contou que precisa comprar tudo fora da unidade. Relatou que percorre o Mercado dos Kwanzas em busca de medicamentos e que o custo é tão alto quanto a angústia.

A situação repete-se em hospitais de outras províncias. No Huambo e no Bié, por exemplo, faltam fios de sutura e reagentes laboratoriais. Técnicos de saúde e enfermeiros trabalham muitas vezes sem luvas, utilizando álcool para desinfetar as mãos durante todo o turno.

O Sindicato Nacional dos Médicos Angolanos afirma que a crise resulta da falta de financiamento e da má gestão hospitalar. Segundo o presidente do sindicato, Manuel, muitos laboratórios funcionam com capacidade reduzida porque não há reagentes para análises, o que compromete diagnósticos e exames básicos.

O Ministério da Saúde tem enviado equipas de vistoria, mas as promessas não chegam aos doentes. Famílias denunciam que o sistema hospitalar está à beira do colapso, e que a ausência de medicamentos já custou vidas.

Nos corredores frios dos hospitais, a dor tornou-se silenciosa. Médicos resignados, pacientes cansados e famílias desesperadas formam o retrato de um sistema que precisa ser curado antes que a esperança também falte nas prateleiras.

Fonte: Novo Jornal

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