Oku Saka

C4 Pedro defende que a verdadeira independência é cultural e espiritual: “Não luto por uma bandeira, luto por um povo”

Perto de Angola completar 50 anos de independência, o músico C4 Pedro propõe uma reflexão profunda sobre o significado da liberdade. Em entrevista à agência Lusa, o artista afirmou que a verdadeira emancipação de um povo não é apenas política, mas sobretudo cultural e espiritual.


“Estamos a celebrar 50 anos de independência, mas de independência de quê?”, questionou o cantor, sublinhando que a sua principal preocupação é a perda de identidade cultural e tradicional. Para ele, a data deve ser motivo de introspeção, não apenas de festa.

“Eu não luto por uma bandeira, luto por uma terra, por um povo, por uma história que beneficie o alfabeto todo”, disse. C4 Pedro acredita que o país só será plenamente livre quando o angolano souber quem é e se orgulhar das suas origens. “Quando me visto como angolano em Portugal, quero mostrar que é bonito sermos nós mesmos, sermos independentes.”

O músico defende que a arte tem um papel essencial na construção da consciência coletiva. “A música não é só para dançar, é para despertar”, afirmou, destacando a responsabilidade dos artistas em valorizar as histórias e tradições africanas.

Sobre a política, o cantor foi direto: “Nenhum partido vai mudar o país se o povo não mudar primeiro. O mais importante é a consciência do povo.” Para ele, a verdadeira transformação começa na autorresponsabilidade e na educação cultural.

Ao refletir sobre o passado, C4 Pedro lembra que a colonização foi o golpe mais profundo na alma africana. “Foi mais terrível do que qualquer erro político, porque apagou a crença, os nomes e a esperança de um povo.”

Ainda assim, o artista mantém a esperança e um propósito claro: “Eu não preciso estar no poder para deixar a minha marca. Só preciso que fique registado que eu passei por aqui.”

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