O Presidente angolano e líder em exercício da União Africana defendeu hoje, na abertura da 7ª Cimeira UA UE realizada em Luanda, a criação de uma nova bússola para orientar a parceria estratégica entre africanos e europeus.
João Lourenço afirmou que a Europa só conseguirá fortalecer a relação com África se alinhar o seu compromisso com um continente que exige desenvolvimento, equidade e representatividade global.
Durante o discurso inaugural, o Presidente destacou que esta cimeira acontece num momento decisivo para ambos os blocos, marcado pela necessidade urgente de convergência em áreas como tecnologia, segurança, energias limpas e gestão de recursos estratégicos. Para João Lourenço, África não pode continuar presa à narrativa da pobreza persistente, construída ao longo de décadas, e que limita a sua capacidade de avançar.
O Presidente sustentou que o futuro entre europeus e africanos depende de uma redefinição profunda das prioridades políticas e económicas. Afirmou que África vive hoje uma viragem histórica que exige abandonar promessas vazias e adoptar compromissos mensuráveis, sobretudo em sectores como desenvolvimento sustentável, industrialização e estabilidade regional. João Lourenço alertou ainda que os desafios no Conselho de Segurança da ONU continuam a impedir que África ocupe o lugar que lhe corresponde.
Como consequência directa desta abordagem, a cimeira procura romper com o modelo tradicional norte sul, reforçando um multilateralismo mais inclusivo e eficaz. O Presidente lembrou que África e Europa enfrentam crises regionais e climáticas que só podem ser resolvidas em parceria e com responsabilidade partilhada.
O impacto político da intervenção é significativo, porque Angola, ao acolher a cimeira enquanto preside à União Africana, assume-se como ponte entre continentes e tenta orientar o futuro das relações estratégicas. A mensagem central aponta para a necessidade de abandonar a lógica assistencialista e avançar para uma agenda comum de desenvolvimento real.
