O presidente da Associação Industrial de Angola (AIA), José Severino, defendeu esta semana o relançamento da produção de algodão no país como uma medida estratégica para reanimar a indústria têxtil e reduzir a forte dependência de roupas importadas.
Durante a sessão de apresentação do Plano Estratégico da Autoridade Reguladora da Concorrência (ARC) para o quinquénio 2025-2029, Severino afirmou que Angola dispõe de três grandes unidades têxteis com capacidade de empregar sete mil pessoas, mas que estão praticamente inoperacionais por falta de matéria-prima local.
“Todos nós vestimos roupas, e estamos todos vestidos com produtos importados. Isso tem de mudar. Angola já foi exportadora de algodão, precisamos de resgatar esse potencial”, disse, sublinhando que o algodão, além de ser uma commodity valiosa, é essencial para fomentar o consumo interno e gerar emprego.
José Severino sugeriu que o Estado conceda ao algodão o mesmo tipo de incentivo que tem sido dado à produção de café robusta, alertando que sem emprego não há consumo, e sem consumo não há economia.
Noutra frente, o presidente da AIA aproveitou para criticar o modelo de auto-construção dirigida, sugerindo que o Estado crie parcerias público-privadas com empresas de engenharia para construir as bases das habitações. Segundo ele, essas infraestruturas básicas, com colunas e pendulares, permitiriam que cada cidadão pudesse então procurar financiamento junto ao Estado ou aos bancos para concluir a obra.
A proposta, embora ambiciosa, levanta questões sobre a viabilidade logística, os custos envolvidos e a capacidade do Estado em garantir uma coordenação eficaz entre os sectores agrícola, industrial e financeiro. Mas, no essencial, expõe uma verdade dura: Angola continua a importar o que já soube produzir, e enquanto isso persistir, continuaremos a vestir o fracasso da nossa própria política económica.