Durante a sua participação no espaço “Café CIPRA”, realizado na quinta-feira 17, a ministra da Educação, Luísa Grilo, fez declarações controversas sobre a juventude angolana que opta por emigrar. A governante defendeu que os “bons jovens” são aqueles que permanecem no país, mesmo diante das adversidades, criticando construtivamente e contribuindo com o processo de reconstrução nacional. “Aquele que vai, não faz falta”, afirmou, evocando exemplos históricos das décadas de 70, 80 e 90, quando muitos deixaram Angola e, posteriormente, regressaram.
Para a ministra,
“quadros” são os que ficam e enfrentam as dificuldades lado a lado com o Governo. “Aqueles que vão para dormir debaixo da ponte… estão orgulhosos porque estão na Europa? [...] Esses não são quadros. Os quadros são esses que estão aqui, a sofrermos juntos, todos juntos”, sublinhou.
As declarações geraram grande repercussão nas redes sociais e nos meios de comunicação. Muitos jovens e cidadãos apontaram a fala como uma tentativa de desvalorizar a diáspora, ignorando as causas estruturais da emigração, como o desemprego, a insegurança, a fraca qualidade do ensino e as limitações de oportunidades para os jovens quadros no país.
Analistas e activistas têm sublinhado que emigrar não é sinónimo de deserção, mas muitas vezes, uma procura legítima por dignidade, segurança e melhores condições de vida. Outros lembram que a própria Constituição angolana assegura o direito de livre circulação e residência, dentro e fora do território nacional.
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