Morreu neste domingo, 13 de Abril, em Lima, o escritor peruano Mario Vargas Llosa, aos 89 anos. O anúncio foi feito por seus filhos, Álvaro, Gonzalo e Morgana, por meio de um comunicado no qual destacaram a trajetória rica do pai e sua vontade expressa de não ter cerimônia pública. Seus restos mortais serão cremados, numa despedida reservada à família e aos amigos mais próximos.
Nascido em 28 de março de 1936, em Arequipa, Vargas Llosa começou a escrever cedo e nunca mais parou. Em sua juventude, foi apelidado de “pequeno Sartre corajoso” pelos colegas — uma alusão ao filósofo francês que tanto admirava. Mais tarde, distanciou-se ideologicamente de Sartre, mas manteve o compromisso com a escrita engajada e crítica.
A sua obra inclui vinte romances, um livro de contos, catorze ensaios, peças de teatro, livros de crónicas, memórias e colunas que circularam em jornais de todo o mundo. Em 2010, foi consagrado com o Prémio Nobel de Literatura, reconhecimento máximo de uma carreira moldada com a disciplina de um operário da palavra.
Vargas Llosa também foi um dos protagonistas do "Boom" latino-americano, ao lado de nomes como Gabriel García Márquez, Julio Cortázar e Carlos Fuentes. Mas diferente dos companheiros de geração, não evitou o embate político: candidatou-se à presidência do Peru em 1990, sendo derrotado por Alberto Fujimori.
O autor de A Guerra do Fim do Mundo inspirou-se em episódios históricos e personagens reais para compor ficções que desnudaram as complexidades da América Latina. Viveu entre o Peru, a Bolívia, a Espanha e outros países, mas sempre carregou consigo o olhar inquieto de quem vê mais do que apenas o que está à vista.
A morte de Vargas Llosa representa o fim de uma era na literatura hispano-americana, mas também a consagração definitiva de um autor que conseguiu atravessar as décadas com vigor, polêmica e genialidade. A sua biblioteca, guardada na casa onde nasceu, em Arequipa, permanece como símbolo de uma vida dedicada às letras — e ao mundo.