O músico e ativista político Joel Amaral, conhecido como MC Trufafa, foi baleado este domingo na cidade de Quelimane, em Moçambique. O ataque, que envolveu três tiros, dois nos membros inferiores e um na cabeça, ocorreu no bairro Cualane 2.º. A vítima, figura central na mobilização de apoio ao político Venâncio Mondlane, encontra-se hospitalizada e estável, segundo os últimos relatos.
O Presidente moçambicano, Daniel Chapo, reagiu de forma veemente, classificando o ataque como “um ato de violência gratuita” e uma “afronta à democracia e aos princípios do Estado de direito”. Chapo pediu uma investigação completa, garantindo que “não se pode permitir que exista lugar ao medo em Moçambique”.
Já Venâncio Mondlane, político que disputou a presidência e não reconheceu os resultados eleitorais de 2024, foi mais direto: “Não restam dúvidas de que este ato covarde é um claro exemplo de intolerância política que permeia o nosso país.” Mondlane comparou o momento actual com um país que “cheira a pólvora”, criticando a incoerência de se falar em unidade nacional diante de tamanha violência.
O incidente não é isolado. No final de 2024, o assessor jurídico de Mondlane e o mandatário do Podemos foram assassinados em Maputo. Ambos eram peças-chave da sua campanha. O caso, até hoje, permanece sem resposta clara da justiça.
A repetição desses episódios está a marcar a narrativa política moçambicana com traços de medo, perseguição e silenciamento. A democracia, em tese celebrada pelos seus representantes, parece cada vez mais ameaçada por forças que operam nas sombras.