A celebração do cinquentenário da independência de Angola está envolta em polémica após denúncias de possíveis irregularidades na aquisição de 210 mil bandeiras nacionais. De acordo com uma investigação levada a cabo pelo portal Club-K, há fortes indícios de subrefacturação e superfaturamento no processo de compra.
O relatório revela que o custo de produção de uma bandeira na República Popular da China ronda os 3 USD, e mesmo considerando os custos de transporte, o valor total por unidade não deveria ultrapassar os 5 USD. Com base nesse cálculo, o valor global da compra ficaria em torno de 1 milhão de dólares norte-americanos.
Porém, o valor oficial anunciado para o fornecimento é de 20 milhões de dólares, vinte vezes acima do estimado. Fornecedores chineses como a National Flag Manufacturer SupplierMade-in-China.com e a Xiamen Novelty Flag Co., Ltd. confirmam preços unitários entre 1,20 e 2,65 USD.
A discrepância entre os custos de mercado e os valores oficialmente divulgados levanta sérias dúvidas sobre a lisura do processo. Até ao momento, o Ministério das Finanças não emitiu qualquer comunicado para justificar os números. Esse silêncio institucional tem alimentado o descontentamento popular e especulações sobre o envolvimento de esquemas ilícitos na contratação.
Organizações da sociedade civil e cidadãos exigem transparência, responsabilização e auditoria urgente do processo. A data simbólica que deveria unir o país está, afinal, a içar uma nova bandeira: a da indignação.