No dia-a-dia, é comum encontrar grupos de pessoas em diferentes pontos da cidade e da periferia reunidos nas casas de apostas. O fenómeno de "bater ficha" tornou-se hábito transversal a várias idades e classes sociais, reflectindo uma realidade marcada pelo desemprego e pela busca incessante de alternativas financeiras.
O Instituto de Supervisão de Jogos revela que, só no primeiro semestre de 2025, o Estado arrecadou 13,23 mil milhões Kz em receitas fiscais provenientes dos jogos, um aumento de 64,2% face a 2024. As apostas sociais, categoria legalizada pela Lei n.º 17/24, contribuem de forma significativa para esse bolo. Diferentes das apostas de casino, incluem desportivas à cota, corridas hípicas e outros jogos licenciados.
Apesar da formalização, a realidade é dura. A maioria dos apostadores admite perder mais do que ganhar, mas mantém a esperança de "virar a sorte". Entre eles está Daniel Damião, professor em condições precárias, que encontra nas fichas uma mistura de ilusão e vício. "Prefiro investir os únicos 200 Kz que tenho no bolso para bater ficha e esperar alguma coisa, do que usar esse dinheiro para comprar alimentos", confessa.
O vício do jogo, relatam especialistas, gera problemas financeiros, emocionais e sociais, ampliando a vulnerabilidade de quem já vive em dificuldades. Ainda assim, a sensação de que a próxima aposta pode ser a grande virada continua a atrair milhares, alimentando tanto o sonho individual quanto a máquina fiscal do Estado.
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