Paul Biya, presidente dos Camarões há 43 anos e atualmente o mais velho chefe de Estado em funções no mundo, volta a apresentar-se como candidato às eleições presidenciais.
Aos 92 anos, procura renovar o mandato pela oitava vez consecutiva, num processo que tem levantado questões sobre a transparência e a real possibilidade de alternância no poder.
Apesar da sua candidatura, a oposição e vários analistas sustentam que Biya já não governa de forma efetiva há vários anos, sendo o país administrado por uma equipa de conselheiros de confiança. O controlo das instituições e a ausência de mecanismos robustos de fiscalização tornam o processo eleitoral pouco competitivo, ainda que a realização de eleições seja mantida como símbolo de legitimidade política.
A corrida eleitoral conta com 12 candidatos, entre os quais se destaca Bello Bouba Maigari, ex-ministro do Turismo e antigo aliado do Presidente. Maigari apresenta-se como alternativa a um modelo de governação desgastado, apelando à mobilização popular contra fraudes e defendendo a necessidade de uma verdadeira mudança política. O opositor procura legitimar a sua candidatura através de alianças com outros setores, numa tentativa de consolidar uma frente unida.
Cerca de 8 milhões de eleitores estão inscritos para estas eleições, num país que enfrenta desafios persistentes: desemprego elevado, inflação crescente, corrupção endémica e pobreza estrutural. A estes problemas somam-se tensões étnicas e regionais, particularmente nas áreas anglófonas, além da ameaça contínua do grupo Boko Haram no norte.
Enquanto isso, Biya garante que ainda tem condições para governar e que este pode ser o seu “último mandato”, assegurando estar disposto a promover reformas. Contudo, o ceticismo prevalece entre observadores e cidadãos, que veem no prolongamento do atual regime um obstáculo à renovação política e à construção de um futuro mais estável para os Camarões.
