Mais uma denúncia de alegado envolvimento de oficiais do Serviço de Investigação Criminal (SIC) em redes de narcotráfico volta a colocar a instituição no centro da controvérsia.
Em entrevista divulgada pela plataforma Rádio Ouvinte, Mendes contou ter trabalhado durante anos como agente de “baixa visibilidade”, relatando situações em que alegadamente assistiu à colaboração entre traficantes e dirigentes do próprio SIC. “O traficante está a ligar para o teu chefe na tua frente: ‘O teu chefe é meu amigo, o carro dele que está na oficina eu é que estou a pagar a manutenção’”, disse o denunciante.
O porta-voz do SIC-Geral, Manuel Halaiwa, reagiu rapidamente às declarações, considerando-as falsas e infundadas. Em comunicado, esclareceu que o cidadão em causa não possui qualquer vínculo com a instituição e que será aberto um expediente para que ele se retrate publicamente.
Analistas ouvidos pela DW África pedem que a Procuradoria-Geral da República (PGR) assuma o caso e crie mecanismos de proteção para denunciantes, reforçando a necessidade de transparência e responsabilização dentro das estruturas do Ministério do Interior.
Casos semelhantes já haviam sido registados. Em 2023, Gelson Quintas, conhecido como “Man Gena”, também denunciou alegadas ligações entre altos responsáveis e redes de narcotráfico. Fugiu para Moçambique, mas foi deportado e encontra-se atualmente detido.
A nova denúncia reacende o debate sobre a integridade das forças de investigação e o grau de independência das instituições responsáveis por combater o crime organizado em Angola.