Isabel dos Santos acusou esta terça-feira o Estado angolano de perseguição política e pessoal, afirmando que foi alvo de um pedido judicial para lhe retirar a guarda dos filhos.
As declarações foram feitas durante uma entrevista à Rádio Essencial, na qual a empresária sustentou que Angola “não é hoje um país seguro” para si, alegando que até a sua família estaria a ser atingida pela disputa com as autoridades.
A empresária, que tem quatro filhos nascidos do casamento com o colecionador de arte Sindika Dokolo, falecido em 2020, afirmou que deseja regressar ao país para contribuir para o crescimento económico, continuar a investir e gerar empregos. No entanto, insiste que só o fará quando considerar que as condições de segurança e justiça estão garantidas. Isabel dos Santos enfrenta vários processos judiciais e afirma ter contas bancárias bloqueadas, documentos caducados e restrições de viagem impostas judicialmente.
A entrevista surge poucos dias depois de o Tribunal Supremo ter retirado quatro crimes do processo relacionado com a sua gestão na Sonangol entre 2016 e 2017. O despacho de pronúncia excluiu os crimes de associação criminosa e abuso de poder, e deu como prescritos os crimes de falsificação de documentos e fraude fiscal simples. O Tribunal considerou que não existiam factos concretos que demonstrassem uma atuação concertada entre a empresária e os restantes arguidos.
Apesar dessas exclusões, Isabel dos Santos segue pronunciada por sete crimes: peculato, burla qualificada, participação económica em negócio, tráfico de influência, fraude fiscal qualificada e dois crimes de branqueamento de capitais. O processo avança agora para julgamento, com um recurso ainda pendente. A empresária voltou a criticar a atuação judicial, denunciando a recusa em ouvir as suas declarações e em considerar provas e testemunhas apresentadas, afirmando que o Tribunal Supremo estaria a seguir “uma sentença pré-determinada”.
