No Dia Mundial da Consciencialização sobre o Autismo, a dor dos pais angolanos falou mais alto que qualquer discurso bonito. Ima Veloso, mãe e artista, deu rosto e voz à frustração de milhares: "O ensino público diz que é inclusivo, mas, quando chegamos lá, vemos que não há professores preparados, nem material adequado para acompanhar as nossas crianças."
É no improviso do amor que muitos pais tentam suprir a ausência do Estado. São eles que viram terapeutas, professores e psicólogos sem formação, porque simplesmente não há opção. Fazem "milagres" com salários apertados, enquanto a promessa de inclusão repousa, intacta, nos documentos.
Festejar a data é importante, sim. Mas quem consola o pai exausto? Quem apoia a mãe que chora escondida depois de mais um “não podemos ajudar”?
Frente a esse cenário, especialistas e activistas defendem políticas públicas mais eficazes, incluindo a redução de impostos para famílias que precisam arcar com os custos elevados de terapias e educação. Essa medida poderia aliviar o peso financeiro e permitir um melhor acompanhamento dessas crianças.
O Dia Mundial de Consciencialização sobre o Autismo, comemorado aos 2 de Abril, não deve ser apenas um lembrete simbólico. A inclusão não pode ser um conceito vago ou restrito a discursos institucionais. É urgente que o Governo angolano transforme compromissos em acções concretas, garantindo educação e suporte real para crianças autistas e suas famílias.