Em Angola, 27% das mulheres adolescentes com idades entre os 15 e 19 anos já estiveram grávidas pelo menos uma vez, de acordo com os dados do Inquérito de Indicadores Múltiplos e de Saúde (IMIS 2023–2024), divulgado recentemente. A pesquisa foi conduzida pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) e confirma que o fenómeno da gravidez na adolescência continua a afectar milhares de jovens em todo o país.
O estudo revela um cenário desigual entre zonas urbanas e rurais: nas áreas rurais, 43% das adolescentes iniciam a vida reprodutiva mais cedo, contra apenas 20% nas zonas urbanas. A província do Kwanza-Sul apresenta a maior prevalência, com 51% das adolescentes grávidas, enquanto Luanda tem a menor taxa (14%).
A Organização Mundial da Saúde (OMS) já havia classificado Angola entre os países com as taxas mais elevadas de gravidez na adolescência. Especialistas apontam que os principais factores são pobreza extrema, ausência de educação sexual adequada, falta de acesso a métodos contraceptivos e pouca informação sobre saúde reprodutiva.
Apesar de o fenómeno ser antigo, as respostas institucionais permanecem tímidas. O sistema educativo falha em oferecer conteúdos consistentes sobre sexualidade e direitos reprodutivos, enquanto os centros de saúde nem sempre estão preparados para acolher e apoiar estas jovens de forma digna.
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