A reunião do Conselho da República, realizada nesta segunda-feira, 11, em Luanda, foi marcada por um momento de elevada tensão política, com acusações diretas entre o Presidente da República, João Manuel Gonçalves Lourenço, e o líder da UNITA, Adalberto Costa Júnior, no debate sobre “segurança pública após protestos em várias províncias”.
Também foram mostradas declarações do ativista Osvaldo Caholo e do militante do MPLA, Príncipe Venâncio, ambos detidos. Caholo teria afirmado que “o centro do poder é a Cidade Alta”, enquanto Venâncio teria apelado, num congresso da UNITA, para que as pessoas pegassem em catanas.
O Procurador-Geral da República, Hélder Pitta Grós, reforçou a posição do Presidente, dizendo que tais discursos agravaram o clima de tensão no país e advertiu que mais prisões poderão ocorrer. Nos últimos dias, quase todos os líderes das associações de taxistas de Luanda foram detidos.
Entre os que defenderam Lourenço, estiveram o general Alexandre Rodrigues “Kito”, ex-ministro do Interior, e o empresário Alfeu Vinevala Sachiquepa, que acusou a UNITA de “retomar o espírito de 1992”. Já Jorge Valentim, antigo porta-voz de Jonas Savimbi, criticou duramente Abílio Kamalata Numa.
Em resposta, Adalberto Costa Júnior rejeitou as acusações, alegando que os vídeos apresentados são antigos e retirados de contexto. Reconheceu a existência de discursos inflamados, mas defendeu que o debate deveria centrar-se nas causas estruturais dos protestos: fome, desemprego e pobreza. Felisberta Malaquias, do Partido Humanista, e Mimi-a-Simba, da FNLA, apoiaram a posição de Costa Júnior.
Apesar das divergências, João Lourenço manteve a convicção de que a UNITA está por trás das manifestações e que existe um plano para o afastá-lo do poder por meio de protestos de rua.
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