O ministro do Interior, Manuel Homem, foi confrontado, durante uma entrevista recente, com perguntas sobre o caso da cidadã baleada no bairro Malueca, em Luanda. Ao ser questionado sobre o que sentiu ao saber do episódio, o ministro respondeu que “é uma narrativa da jornalista” e que “não há provas de que o tiro tenha sido pelas costas”, frase que rapidamente repercutiu nas redes sociais.
A declaração foi vista por muitos como uma tentativa de descredibilizar o trabalho da imprensa e minimizar a gravidade do incidente, que envolve agentes da Polícia Nacional. O caso, amplamente divulgado nas plataformas digitais, gerou indignação pública e questionamentos sobre o uso excessivo da força policial em contextos de vulnerabilidade social.
Entre as reações, destacou-se a do humorista Gilmário Vemba, que publicou um desabafo contundente. “Aquelas pessoas estavam a roubar comida, e aqueles que roubaram biliões do erário público têm processos que não sabemos onde vão chegar. Ou seja, essas pessoas não merecem uma consequência gravosa? Ou é porque estão de fato e gravata?”, escreveu, apontando para a disparidade entre o tratamento dado aos pobres e aos poderosos.
A intervenção de Vemba, amplamente partilhada, reabriu um debate antigo, mas sempre urgente, sobre o peso desigual da justiça angolana e o modo como as autoridades reagem a diferentes formas de transgressão. O episódio evidencia, mais uma vez, a distância entre o discurso oficial e a experiência concreta de muitos cidadãos nas periferias.
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