A recente suspensão de Tsunami reacendeu o debate sobre os limites da expressão artística e a influência da música kuduro na sociedade angolana.
Esta quinta-feira (02), o sociólogo e deputado do MPLA, Paulo de Carvalho, defendeu a criação de um quadro legal que proíba a difusão de músicas e danças consideradas obscenas.
“O que está errado é a sua difusão pública. Há determinados estilos de dança que deveriam ser banidos, sobretudo aqueles em que as pessoas fazem movimentos sexuais explícitos”, disse em declarações à agência Lusa.
O académico classificou algumas músicas do artista como “fúteis e agressivas”, argumentando que o impacto ultrapassa a figura da mulher, afetando a sociedade no geral. Para Paulo de Carvalho, “é fundamental criar um quadro legal que combata práticas que atentam contra os valores morais e contra as boas práticas sociais”.
A proposta, porém, não ficou sem contestação. O escritor Edy Lobo, autor de Diário de um Professor (a)normal, recorreu às redes sociais para sublinhar que o problema é mais profundo do que leis restritivas.
“Apostem só na educação de base, invistam mesmo no Ensino e educação, criem programas sérios para a formação de professores, capacitem as instituições de ensino com materiais credíveis e vocês verão que não vão precisar de nada disso. O problema é termos um sistema de educação precário”, escreveu.
O confronto de posições evidencia um dilema recorrente na sociedade angolana: legislar para travar práticas culturais que desafiam valores morais ou atacar a raiz do problema através da educação e da transformação social.