A proposta do Orçamento Geral do Estado (OGE) para 2026 prevê um gasto de 45,2 mil milhões de kwanzas, o equivalente a 49 milhões de dólares, com a operação e manutenção dos serviços da Presidência da República. O valor, segundo cálculos do Polígrafo África, é 18 vezes superior aos 2,4 mil milhões de kwanzas (2,6 milhões de dólares) previstos para a requalificação dos hospitais municipais, centros e postos de saúde em todo o território nacional.
Apesar de o Presidente ter destacado, no discurso sobre o Estado da Nação, a entrada em funcionamento de novos hospitais municipais e a próxima inauguração do hospital do Porto Amboim, os números do OGE 2026 mostram um recuo no investimento direto em requalificação sanitária.
A proposta global do orçamento fixa 33 biliões de kwanzas em receitas e despesas, o que representa uma redução de 5% em relação ao orçamento anterior (34,6 biliões). Ainda assim, a disparidade entre prioridades é evidente: mais recursos para a manutenção administrativa do Palácio e menos para os serviços de saúde de base, que continuam a enfrentar carências estruturais e falta de equipamentos.
Analistas económicos alertam que o desequilíbrio pode comprometer os esforços de descentralização e melhoria do atendimento primário, sobretudo nas zonas rurais. Já para a sociedade civil, a diferença orçamental expõe o desafio de alinhar o discurso político às necessidades reais do país.
Fonte: Polígrafo África
