A paralisação geral que atingiu Luanda nos últimos dias provocou uma reação estatal com contornos alarmantes: mais de 1.200 detenções, julgamentos sumários e relatos de mortes a tiro nos bairros periféricos.
Segundo o Ministério Público, dezenas de processos estão em curso, com julgamentos a decorrer no Palácio Dona Ana Joaquina, onde até 17 detidos estão a ser ouvidos por dia.
As autoridades alegam que os detidos estão ligados a actos de vandalismo, mas relatos de cidadãos e imagens nas redes sociais apontam para prisões arbitrárias e uso excessivo da força, sobretudo contra jovens. Em zonas como o Cazenga, Rangel, Viana, Kilamba Kiaxi e Mulenvos, multiplicam-se denúncias de execuções sumárias e agressões brutais. Uma mulher foi baleada na presença do filho pequeno, e há registos de disparos à queima-roupa em plena rua.
A Ordem dos Advogados de Angola (OAA) manifestou preocupação com a legalidade dos processos e está a mobilizar advogados para garantir o respeito pelos direitos fundamentais. A OAA sublinha que a sua intervenção se enquadra nas obrigações constitucionais e visa proteger os cidadãos de abusos estatais.