Oku Saka

Economista alerta para impacto da subida dos transportes no custo de vida

 A recente actualização das tarifas dos transportes públicos, que elevou para 300 kwanzas o custo do serviço de táxi colectivo e para 200 kwanzas o bilhete dos autocarros urbanos, representa um novo desafio para o orçamento das famílias angolanas. A avaliação é do economista Sebastião Negócio, que, em declarações ao Jornal de Economia e Finanças, alertou para o risco de esta medida provocar um efeito dominó no custo de vida.


Segundo o especialista, apesar de a decisão ser compreensível do ponto de vista dos custos operacionais do sector, ela acontece num contexto em que o país ainda tenta consolidar a estabilidade dos preços e fomentar o crescimento económico. 

“O aumento do preço do táxi e do autocarro urbano vai, inevitavelmente, pressionar a estrutura de custos de várias actividades económicas, sobretudo do comércio informal e dos pequenos negócios, que dependem fortemente do transporte público para mobilidade de pessoas e mercadorias”, afirmou.

Negócio destacou ainda que para muitas famílias, principalmente as que vivem nas zonas periféricas e trabalham nos centros urbanos, a despesa com transporte consome uma parte considerável do orçamento mensal. Os mais vulneráveis, como vendedores ambulantes, trabalhadores informais e estudantes, serão os mais atingidos.

O economista alerta para a possibilidade de propagação dos aumentos para outros sectores, o que pode agravar a inflação.

“O risco é que este aumento se propague para o preço de bens e serviços, desde produtos alimentares até custos associados à prestação de pequenos serviços, criando uma pressão adicional sobre a inflação”, disse, lembrando que, embora esta esteja a dar sinais de desaceleração, permanece num nível elevado.

Apesar de reconhecer a necessidade de garantir a sustentabilidade do sector dos Transportes, Sebastião Negócio defende que o Governo deve implementar medidas de compensação para os segmentos mais sensíveis da população, como subsídios direccionados, passes sociais ou apoios à renda.

Por fim, o economista sublinhou que o aumento do custo dos transportes poderá reflectir-se no mercado de trabalho, através de novas pressões salariais, numa altura em que a recuperação económica ainda é frágil. 

“A actual conjuntura económica exige medidas cautelosas e políticas bem calibradas para evitar retrocessos”, concluiu.

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