O rapper e activista social MCK voltou a usar as redes sociais como espaço de intervenção política, desta vez dirigindo-se directamente ao Presidente da República, João Lourenço, por meio de uma carta aberta marcada por um tom provocador e frontal.
A carta também denuncia a tentativa de aumento das propinas no ensino privado, contrariando o espírito da Constituição que define o ensino fundamental como obrigatório e gratuito. O Movimento de Estudantes Angolanos (MEA), citado na carta, prepara igualmente acções de protesto nesse sentido.
Numa das passagens mais críticas, MCK apela ao Presidente para conter os seus “capangas e auxiliares”, exigindo respeito pela Constituição e pelos direitos fundamentais. Além disso, questiona o sentido das celebrações dos 50 anos de independência, quando grande parte da população não se revê em festivais nem medalhas. “Existe uma ampla parte do povo [...] que não está interessado em celebrar os 50 anos de independência com medalhas de condecorações, e festivais em play back.”
Com ironia, mas sem perder a gravidade, MCK encerra a carta com um pedido: “Excelência, permita-nos sair à rua e brindar à incompetência da tua administração.”
Este gesto reacende o debate sobre o espaço de protesto em Angola e a legitimidade dos cidadãos de exigirem acção, responsabilidade e coerência por parte das lideranças. MCK, uma vez mais, afirma-se como um cronista da revolta colectiva.