A poucos dias da implementação da nova tarifa de táxis em Luanda, que passou de 200 para 300 kwanzas, uma prática polémica começou a ser denunciada por passageiros em diferentes zonas da capital: o encurtamento arbitrário das rotas por parte dos operadores de táxi colectivo, conhecidos como candongueiros.
“Antes, com 200 kwanzas, ia de Viana até ao desvio do Zango. Agora, com 300, eles param no 11 e dizem que tenho de pagar mais 300 para continuar. É injusto”, reclamou Ana Francisco, vendedora ambulante, à margem de um embarque atribulado.
A Associação dos Taxistas de Angola (ATA) ainda não se pronunciou oficialmente sobre o fenómeno, mas fontes próximas admitem que há crescente insatisfação entre os taxistas com a subida dos preços do combustível, dos pneus, da manutenção e das peças, o que poderá estar a motivar tais estratégias, ainda que à margem da legalidade.
As autoridades do Governo Provincial de Luanda, por seu turno, consideram esta prática inaceitável. O Instituto Nacional dos Transportes Rodoviários (INTR) recordou que, apesar da tarifa ter sido ajustada, os operadores estão obrigados a manter o percurso completo, conforme definido na tabela oficial.
“O serviço deve ser prestado com qualidade e respeito pelos passageiros”, reforçou um responsável do INTR.
Os cidadãos pedem agora mais fiscalização efectiva, linhas de denúncia e responsabilização clara para os prevaricadores. A desorganização das rotas agrava ainda mais a já frágil mobilidade urbana e penaliza sobretudo os trabalhadores com menos recursos.
Num momento em que o custo de vida pesa cada vez mais, pagar mais para receber menos não é só um abuso, é uma ofensa à dignidade dos utentes do transporte público.