O activista angolano Isidro Fortunato teceu uma crítica contundente ao impacto da mentalidade social de Angola sobre as mulheres que emigram para a Europa.
Num texto que circula nas redes, ele defende que muitas jovens, habituadas a uma lógica de promiscuidade e de “vida fácil”, acabam em choque quando se deparam com a realidade de países como Portugal e Inglaterra, onde o valor do trabalho e do sacrifício é a base da dignidade.
Segundo Fortunato, em Angola consolidou-se uma sociedade sem ética, que normaliza a prostituição e a troca de favores sexuais como moeda corrente. O corpo feminino tornou-se, no seu entender, “empresa privada”, e a exibição física passou a render mais que a educação. Para ele, clínicas clandestinas de injeções e cirurgias estéticas passaram a oferecer “mais futuro que muitos diplomas”.
Ao chegarem ao estrangeiro, estas jovens encontram um cenário diferente. “Em países como Portugal, todos trabalham duro. Ninguém quer saber de rabos avantajados ou roupas curtas”, critica Fortunato. Ele sublinha que estas mulheres, sem qualificações e sem experiência de trabalho, rejeitam ocupações como limpeza ou geriatria, acreditando que sua aparência lhes garantiria cargos em escritórios. Essa ilusão, afirma, tem conduzido muitas à fome, à invisibilidade social e a estados de depressão e frustração.
Fortunato acrescenta que o problema não está na falta de oportunidades, mas nos vícios adquiridos em Angola, onde famílias e sociedade reforçam a ideia de que o corpo feminino pode ser usado como fonte de rendimento. Essa visão, diz ele, alimenta relações disfuncionais e gera adultos incapazes de lidar com a realidade de sociedades onde prevalecem o mérito e o esforço.
O activista alerta ainda que algumas destas mulheres, sem capacidade de adaptação, acabam a cogitar o suicídio ou o regresso forçado a Angola, onde a lógica da promiscuidade ainda lhes garante algum sustento. Para Fortunato, trata-se de uma crise de valores que precisa de ser encarada de frente.
