Os motoristas de táxis por aplicativo em Luanda estão cada vez mais expostos a assaltos, sequestros e agressões, sobretudo durante o período noturno, o que tem afastado muitos profissionais do sector.
O mais recente caso envolve Gaspar Lopes Martins, de 38 anos, motorista da Yango, que foi encontrado morto este domingo, na zona do Benfica, com um corte profundo no pescoço.
Gaspar, conhecido por familiares e amigos como “Guigui”, saiu de casa, no bairro Tala-Hady, Cazenga, na sexta-feira, 26, para trabalhar e nunca mais regressou. O corpo foi descoberto dias depois num matagal, enquanto a viatura que conduzia permanece desaparecida. Segundo testemunhos, o carro foi avistado em Viana no sábado, com quatro indivíduos a bordo. A família só foi informada do desfecho trágico após o SIC ter removido o corpo e levado para a Morgue Central de Luanda.
Este é o terceiro caso, em 2025, em que motoristas de táxis por aplicativo desaparecem e são encontrados mortos, o que reforça a percepção de insegurança entre os profissionais. Segundo relatos, os criminosos, para além de roubarem o dinheiro arrecadado no dia, em alguns casos levam também os veículos, que são depois usados em outros assaltos na cidade.
Em declarações ao Novo Jornal, motoristas como Manuel Ventura e Catarino Filipe admitiram já não aceitar corridas noturnas, por medo de serem as próximas vítimas. A violência, segundo dizem, ocorre mesmo quando os motoristas não oferecem resistência.
As autoridades policiais reconhecem a gravidade da situação. Nestor Goubel, porta-voz da Polícia Nacional em Luanda, garantiu que têm sido feitas detenções e apelou às vítimas para denunciarem os casos diretamente à polícia, em vez de ficarem apenas pelas redes sociais. Também Fernando Carvalho, porta-voz do SIC-Luanda, assegura que, só neste mês, foram desmanteladas redes criminosas em zonas como os Mulenvos, Kilamba Kiaxi, Maianga, Belas e Ingombota.
Apesar destes esforços, a insegurança continua a crescer e a afectar gravemente a vida de quem depende do transporte por aplicativo, levantando a necessidade de medidas adicionais para proteger motoristas e passageiros.