O ex-presidente da República Democrática do Congo (RDC), Joseph Kabila, foi condenado hoje à morte pelo Tribunal Militar Superior, após um julgamento realizado à revelia. O antigo chefe de Estado, que governou o país entre 2001 e 2019, foi considerado culpado de traição e de cumplicidade com o Movimento 23 de Março (M23), um grupo armado antigovernamental que conta com o apoio do Ruanda.
A sentença marca um dos momentos mais significativos e controversos da política congolesa recente. O paradeiro atual de Kabila permanece desconhecido, o que torna improvável uma eventual prisão pelas autoridades congolesas.De acordo com a Lusa, o processo judicial ainda admite recurso, mas apenas para questões de direito, sem possibilidade de reexame dos factos. Isso significa que a decisão dificilmente será alterada em substância.
Para Ithiel Batumike, investigador do Instituto Congolês Ebuteli, citado pela AFP, este veredicto tem uma dupla dimensão. Por um lado, representa uma mensagem clara da intransigência de Kinshasa perante os rebeldes. Por outro, funciona como uma estratégia política destinada a enfraquecer um adversário que tentou, nos últimos anos, unir diferentes setores da oposição.
A condenação de Joseph Kabila reacende o debate sobre a instrumentalização da justiça em contextos de alta tensão política e militar na RDC, país marcado por décadas de instabilidade e conflitos armados.