Numa entrevista exclusiva à Televisão Pública de Angola, emitida no dia 10 de Junho, o Presidente da República, João Lourenço, falou de forma frontal sobre temas centrais da agenda nacional e internacional. A suposta intenção de candidatura do general reformado Higino Carneiro à liderança do MPLA e, consequentemente, à Presidência da República foi um dos temas que mais atenção despertou.
Questionado sobre o assunto, João Lourenço foi categórico: “Não foi dada nenhuma luz verde, não houve nada disso”. O Chefe de Estado explicou que concedeu uma audiência a Higino Carneiro como já concedeu a outros membros do partido, e mostrou surpresa pelo destaque mediático dado ao encontro. “Uma audiência não é uma reunião”, frisou, afirmando que três membros do Bureau Político testemunharam o momento, contrariando a ideia de que se tratava de um encontro secreto com promessas veladas.
De forma irónica, João Lourenço comparou a alegada pré-campanha do general a uma corrida da São Silvestre iniciada em Junho: “ou não chega lá ou vai chegar mais morto do que vivo”. Mais do que um sarcasmo, o comentário serviu para reforçar a ideia de que os tempos eleitorais devem ser respeitados e que a estrutura partidária não tolera autoproclamações.
O Presidente reforçou ainda que o MPLA é um partido maduro, com regras claras e democracia interna. “É adverso àqueles que se apresentam como supermilitantes, supergenerais, predestinados a ser Presidente da República”, afirmou. A tentativa de antecipar-se ao processo natural de escolha interna é, na sua visão, um atentado à própria democracia do partido.
João Lourenço encerrou a sua posição com um aviso: “todo aquele que tentar passar a ideia de que tem a minha bênção para começar a corrida, eu vou desmentir-lhe publicamente”. A entrevista dissipou as especulações e reafirmou a linha de conduta do partido no período pré-eleitoral.